quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quebrando amarras (Por Loirinha)

Hoje resolvi contar como um simples ato de abrir um blog transformou a minha vida. Poderia falar sobre a "nossa" vida, mas vou abordar os pontos mais importantes quanto a minha pessoa - a Loirinha Ksada.

Em janeiro de 2011, minha rotina se dividia entre o trabalho (trabalhando junto com M), o relacionamento com Wolvie (ex marido), que era mantido "escondido" de todos os que frequentavam a nossa casa, que pensavam que se tratava de nosso sócio no trabalho, e família... meu filho e meus irmãos(ãs), assim como meus pais que sempre foram muito presentes em nossa casa, o que acabava nos trazendo uma adrenalina enorme por estarmos sempre em estado de alerta (imaginem sermos interrompidos em uma transa a 3).

Enfim, abri meu blog com a inconsciente vontade de "contar' o que vivia. O que realmente não imaginava é que, em tão pouco tempo, já estaria tão envolvida com amizades que surgiram na blogosfera e muito menos a quantidade de visitas que o blog teria... até que entre os seguidores descobri uma pessoa do nosso convívio familiar.... Naquela época ainda dava vazão ao meu exibicionismo postando fotos minhas (sem o rosto), e uma incômoda sensação de ser "descoberta" começou a fazer parte dos meus dias. Imaginava que não seria muito raro que o tal seguidor (conhecido) mostrasse o blog ao meu filho, e que certamente ele poderia identificar "quem era " a Loirinha por alguns detalhes específicos. Alguns contos que já escrevi (Não quero ser virgem, principalmente) têm toda uma riqueza de detalhes que meu filho já conhecia muito bem (aquela história em particular foi contada por mim mesma a ele).

Iniciaram-se então uma série de questionamentos dentro de mim, clamando por uma atitude. Era a hora de escolher entre fechar o blog, e deixar trancado tudo o que sentia (sinto) e era (sou), ou revelar a verdade a todos. Em qualquer uma das escolhas, eu sairia perdendo. Então optei em contar tudo a todos.... A primeira pessoa a saber foi minha mãe, que obviamente se surpreendeu, mas não me recriminou em momento algum, apenas reforçou o que eu já sabia... que eu iria desencadear uma tsunami na família. O passo seguinte foi contar à pessoa que em todos os sentidos seria a mais difícil: meu filho! Eu o chamei para uma conversa, e pedi a Mansinho para que nos deixasse sozinhos. Comecei falando sobre a forma de vida e de pensar de casais liberais, e ele já de cara demonstrou seu preconceito com o assunto (eu já havia tentado tocar no assunto outras vezes com ele, aproveitando algum programa de tv, e já sabia o que ele pensava), mas respirando fundo disse a ele que fazia parte deste grupo de pessoas, e que entre vários parceiros que já havia tido, conheci um homem e me apaixonei por ele, e que estávamos vivenciando uma relação a 3, acima de tudo com amor. Ele em estado de choque, e aos berros deixou bem claro o quanto estava indignado, e como não conseguia entender que seu padrasto (Mansinho), "aceitava" uma coisa dessas. Mas foi quando eu contei sobre o blog que via sair de seus olhos lágrimas de ódio! E vendo o meu blog aberto ele "exigiu" que eu o fechasse, dizendo "não admitir" saber que algum de seus amigos "batesse uma" vendo e lendo a mãe dele ". Sentindo uma enorme dor no coração (quem é mãe sabe que dor eu estou falando...), por saber que EU estava proporcionando aquela revolta e decepção nele, sabia que era a hora de ENCARAR MINHA ESCOLHA, e disse que não fecharia o blog! Alguns minutos ainda de nossa maior briga até então, e ele saiu porta afora chorando e dizendo que "não tinha mais mãe"!

O chão se abriu sobre meus pés, mas eu queria concluir ainda naquele dia a difícil tarefa de contar aos demais. E assim fiz... com minhas irmãs(ãos) foi ainda muito pior do que com meu filho. Ouvi palavras que não consigo e nem quero repetir, até graves ameaças.... Para todos eles Mansinho era (e ainda é) um doente, e eu compactuava a doença dele, mas assim que perceberam que eu não mudaria "tais atitudes"... acabei por ser "excluida" do "seio familiar", exceto por meus pais, a dupla mais fantástica que já conheci, as pessoas que me ensinaram (principalmente neste episódio) o que significa AMOR E RESPEITO.

Este dia foi o dia mais dolorido de minha vida. Perceber que pessoas que foram criadas com as mesmas "bases" que eu, e que até então me "amavam" e me admiravam, terem me machucado tanto.... Eu realmente não poderia supor tamanha radicalidade por parte deles. E resolvi fechar o blog, até conseguir "controlar" as ameaças que fizeram. Mas sabendo que não poderia ceder, apenas tentar me fortalecer, mas ao passar dos dias todo aquele peso se manifestou em meu corpo... e adoeci. Meu sistema imunológico foi ao chão, e foi diagnosticado o lúpus. Sempre tive muito problemas com alergias, principalmente a medicamentos, o que dificultou ainda mais minha recuperação. Mas talvez por ter ficado tão ruim como fiquei, em uma das minhas internações meu filho foi me visitar e aceitou me escutar e, entre lágrimas, pedi apenas que ele me perdoasse, não por ser a pessoa que sou, mas por não ter conseguido fazer dele um homem sem preconceitos. E naquela cena "trágica" (e meu estado era crítico mesmo - havia chegado a quase 36 kgs), ele me pediu apenas uma coisa: "Apenas tire as suas fotos do blog, ame um, dois, três.. quantos quiser... só não "apareça"... deixe o assunto somente entre nós". Eu ainda disse que não tiraria minha foto de perfil (do post um metro e meio de safadeza). Mesmo entendendo "seu pedido", eu sentia que não poderia ceder "totalmente", imaginando que assim daria margem para outras "exigências posteriores"...

Fui me recuperando aos poucos, reabri meu blog após 28 dias, retirei uma página chamada "Diário da Loirinha" por minha própria vontade. E fui me adaptando à nova rotina. Excluída ainda do convívio deles, contando apenas com meus pais, com Mansinho (meu melhor amigo acima de tudo em todas horas), e com Wolvie. Nós 3 arcávamos com as consequências da MINHA ESCOLHA. Percebia a cada dia como a vida se encarregava de nos fazer aprender a conviver com a nova realidade. E em 3 meses eu já estava recuperada fisicamente (quase por completo), e vendo novos caminhos a minha frente.

E nessa época (há menos de seis meses atrás), exatamente no momento em que Wolvie estava de viagem marcada, conheci o Sr E. Porém sei que mesmo que W não estivesse de partida, SEI que as coisas não teriam tomado outro rumo. O Espantalho apareceu no momento em que uma nova mulher surgia. Ainda machucada, com cicatrizes recentes, mas com uma força de encarar o NOVO dentro dela que não existia antes. E esta força foi o que não me conteve em me entregar àquela paixão que aumentava a cada dia entre nós. Tudo aconteceu muito rápido, nos "permitimos" experimentar o que estávamos sentindo, mas com um enorme diferencial: "De cara limpa", sem ter que viver me escondendo, e logo que o conheci todos os familiares e amigos já souberam (afinal ainda são leitores assíduos de meu blog), que eu estava com "outro marido". Souberam também que estou grávida, e que isto não foi motivo para deixar de viver este novo amor. Hoje... as coisas estão mais ou menos assim.... falo com meu filho apenas quando o encontro casualmente na casa de minha mãe, ainda não recuperamos plenamente nossa relação, sei que ainda não chegou o tempo dele, e entendo e respeito. Não falo com meus irmãos, e acho que isso demorará muito para acontecer, mas pelo menos já aprenderam, mesmo à distância, que não abro mão que respeitem MINHAS ESCOLHAS. Aceitar? Não é preciso...

Hoje falo, para quem me perguntar, sobre o que vivo e como vivo sem ter que esconder nada de ninguém. A partir de um momento traumático, dolorido, tenso, acabei por me libertar das minhas amarras.

E queria deixar muito claro aqui que sei que a história de cada um é diferente... as experiências são extremamente pessoais... cada um sabe muito bem onde o calo aperta e até onde pode ir... somos todos adultos e não estou pregando uma atitude específica, apenas relatando algo que foi fundamental na minha vida... e a mensagem que tento transmitir é que mesmo que não tenhamos escolhido determinado caminho, que eventualmente um obstáculo aparentemente intransponível surja a nossa frente... consigo dizer hoje que SEMPRE há uma luz no fim do túnel, mesmo que não saibamos disso no momento da nossa tomada de decisão.

Enfim, sinto que fui "forçada" a uma decisão... e com ela veio a minha libertação... E se me perguntarem se faria algo diferente...? Com tudo o que passei... direi sem dúvida alguma: FARIA TUDO NOVAMENTE!!!

8 comentários:

Anônimo disse...

Fazer tudo novamente é o que realmente conta. Somos humanos e, se não nos arrependemos de sermos o que somos, se gostamos, ou melhor,... se nos gostamos, então mesmo os caminhos mais tortuosos acabam tendo flores nas calçadas. Eu fico feliz por me considerar amigo de vcs, mesmo que virtual e principalmente conviver (virtualmente) com pessoas tão originais e fabulosas como vcs.
Tudo na vida tem um preço, a diferença está justamente em determinar quem está disposto a pagá-lo. Isto faz de uma pessoa um grande ser humano.

Parabéns guria. super beijo em vc!

Anônimo disse...

É lindona...
Escolhas,por vezes, a principio as escolhas parecem ser as mais absurdas aos olhos dos outros,trazendo marcas na alma.
Porém,tudo vai se encaixando,acalmando e acabamos sendo compreendidos por nossas decisoes.O tempo,este melhor para amenizar as dores daqueles que não compreendem..
Beijos mulher de fibra..admiração e respeito por ser quem és

Anônimo disse...

Loirinha querida!

Dizer que te admiro já tá ficando repetitivo demais!

Mas a sua coragem de abrir o coração pra família...ah...essa eu acho que nunca alcançarei, rss

Pelo menos não por enquanto...

Parabéns por ser a mulher que vc é!

Beijos borboléticos!

Dorei disse...

Loirinha, quando conheci teu blog foi justamente por um post da amiga Veronika que falava da reabertura, eu li teu primeiro post no retorno e naquele momento, sem entender tuas razões que só agora ficaram claras, eu senti que estava diante de alguém especial, nem digo virtualmente, porque verdade é que tenho tido muito mais o que preciso dos amigos virtuais do que dos reais, para mim não faz a menor diferença.
Eu te li e as tuas palavras caíram como gostas de verdade, de autenticidade, de coragem, de exemplo a ser observado e seguido, não no sentido de copiar, mas de ter fibra como voce tem, pois como voce mesma disse, cada um tem sua história e eu adoro a diversidade humana.
Quisera que o mundo tivesse mais Loirinhas e viveríamos melhor, mas eu vejo a minha volta e mais perto do que eu gostaria outros exemplos que me fazem lamentar e admirá-la ainda mais. É justamente na adversidade que se destacam as flores mais belas e por isto hoje te chamo de RARA FLOR DA PAISAGEM.

Beijos, muitos beijos com carinho em ti!

LadySiri disse...

Loirinha, admiro de verdade sua lealdade às tuas convicções e tua coragem de escolher enfrentar as adversidades de peito aberto. Parabéns mulher!

Grande beijo.

Unknown disse...

Sabe.... nem sei o que dizer...
Eu sei.... seja FELIZ minha amiga querida!!
Vc merece... Te gosto e te admiro muito... vc é a nossa Loirinha Sapeka que tanto adoramos e respeitamos e merece ser muito feliz...

Bjsss bem gostosos pra ti, para o Mansinho e Sr.E

Linda Fênix disse...

Loirinha, minha linda...

Te conheci exatamente no teu post de volta, cai, não sei como, no teu blog (novamente o Destino) e fiquei emocionada com o que li. Isso me fez ficar apaixonada por ti e pelo trio.

Tua coragem é desejada por muitos, mas poucos de nós consegue obter-la! E é por essas e outras que tenho orgulho de ser tua amiga!

Tribeijos meus queridos amigos!

Sorry i cant fly... disse...

É deveras uma mulher de muita coragem. E o mais importante: Você faz jus a nossa missão aqui - sermos felizes. Respeito e admiro enormemente sua atitude. Amei o post.
Bjlhões.